Comunidade Mundial para Meditação Cristã
Se
eu não tivesse mais nada para fazer, me contentaria em visitar salas de
aula e apresentar a meditação às crianças, meditar com elas e ouvir
seus comentários. Mas, mais do que isso: olhar e aprender com a sua paz
silenciosa e a felicidade em alcançar o “alvo” do reino dentro delas, e
ver o seu despreocupado aprofundamento da consciência.
Para
usar uma frase feita, isto não seria sustentável, nem a melhor maneira
de transmitir para uma nova geração a consciência do seu dom inato para a
contemplação. Então, nós ensinamos aos professores, na esperança de que
esta sabedoria seja absorvida na cultura da escola. Mas se você algum
dia duvidar da sabedoria da meditação, entre em uma sala de aula, e
medite com as crianças.
Durante
a Quaresma, não perca de vista a primeira de suas três metas: tornar-se
mais simples como as crianças. Seus problemas de adultos, e situações
complicadas de vida, podem oprimi-lo, e convencê-lo de que a sua
capacidade para a simplicidade há muito se foi. E, então, você vai achar
que tem que esperar a aposentadoria e o começo da senilidade para
recuperá-la. Na verdade, isso está errado. Mesmo no meio de ansiedades
da vida, stress, medos e dúvidas, essa simplicidade é acessível.
O
peso das nossas preocupações pode ser muito grande - doenças, dívidas,
relações dolorosas, fracasso, decepção, dependência, solidão, cometer
erros estúpidos. Junte todos estes, e chame-os de pecado. Mas não use a
palavra “pecado”, no sentido costumeiro – de quebrar as regras e merecer
punição, perder a aprovação de Deus (ou do conselho paroquial). O
pecado é (em grego, literalmente) errar o alvo – o alvo que Gregório de
Nissa e o escritor Paulino disseram que está sempre em movimento.
Como
você atinge um alvo em movimento? Movendo-se à mesma velocidade com que
ele se move, e prestando atenção a ele. Atrelando-se a ele. Para fazer
isso, podemos pensar que temos de acelerar. Na verdade, precisamos
desacelerar. Podemos achar que temos de entender e dominar as
complexidades da vida. Na verdade, temos de simplificar a maneira como
as vemos, tomando alguma distância delas. Só então podemos arrancar o
espinho.
Isto
é justamente o que a meditação faz por nós quando deixamos de lado
nossos pensamentos, especialmente os pensamentos acerca dessas coisas
dolorosas que se tornam espinhos em nossa carne. É simples. Não é fácil.
Podemos faze-lo. Mas não podemos e não o faremos sozinhos.