Valentim , Dona Nancy e Cleide |
Embora
pareça estranho, a mulher, desde a Igreja primitiva, sempre foi participativa
na vida da Igreja e não apenas aquela que se pedia para ficar calada e com a
cabeça coberta. Serve de exemplo Lidia, que disse a Paulo e aos seus seguidores
que “se me considerais fiel ao Senhor,
vinde hospedar-se em minha casa” (At 16,15). E eles, segundo consta,
aceitaram o convite. A casa dessa mulher e de muitas outras foram centros de
reuniões e de atividades diversas da jovem comunidade cristã. Lídia talvez
fosse uma senhora viúva e sua casa era um centro de acolhida para aqueles que
estavam encarregados pelo próprio Cristo de levar a boa nova até os confins da
terra.
O Apóstolo
Paulo, aparentemente, tornou insignificante o papel da mulher, quer na sua vida normal, como no serviço na Igreja.
Na tradição paulina, se lido apenas textos isolados, à
mulher está reservada a tarefa de cuidar da casa, educar os filhos e ser
obediente ao marido. Na verdade não era apenas isso, eis que eram verdadeiras testemunhas
da Palavra de Deus e autênticas “catequistas”,
por serem experientes e prudentes, não só em relação à Palavra de Deus, mas
também no aconselhamento e cuidados com as recém casadas, para que fossem
zelosas e amorosas no seu papel de mãe e esposa. De certa forma poder-se-ia
dizer que isso já era um “indício” da Pastoral Familiar dos dias de hoje. A
vida cristã, desde o seu início, colocava fim a todas as discriminações, tanto
no plano social, como no religioso e no cultural. Não seria tarefa, fácil, como
não é ainda hoje, extirpar-se de vez esse ranço que vem desde os tempos de
antanho.
No
aspecto religioso, tanto homens como mulheres eram destinatários da mensagem
salvífica de Deus. Paulo certamente não concordava com o conceito
discriminatório contido na oração judaica que dizia: “Bendito és tu, rei do universo, que não me fizeste nascer pagão, nem
escravo, nem mulher”. Antes, dizia: “Fomos
todos batizados num só espírito, para ser um só corpo, judeus e gregos,
escravos e livres”. Por “livres” entende-se, inquestionavelmente, homens e
mulheres, assim como o mandamento de amor de Jesus não pode ser considerado
apenas destinado aos homens. Paulo era um missionário itinerante, judeu de
nascimento, talvez solteiro ou mesmo viúvo. Era profundo conhecedor dos
costumes, leis e princípios predominantes na época, dentre eles, obviamente, os
que discriminavam a mulher.
Como bom cristão, considerava que a Igreja era uma
realidade espiritual, em torno da qual se juntavam homens e mulheres em nome de
Jesus Cristo. A submissão feminina, numa leitura compatível com a Igreja pós
Concilio Vaticano II, pode ser entendida como uma alusão as santas mulheres da
Bíblia, cujo exemplo maior é Sara, sempre respeitosa e obediente ao marido
Abraão, premiada por Deus com um filho em idade avançada. Fica claro, para quem
quiser enxergar, que a lógica dos homens, nada tem a ver com a lógica de Deus.
Vale muito neste particular que Maria, a mãe de Jesus, aprendeu a amar segundo
essa lógica, seguindo o Filho no seu ministério, não como mãe, mas sim como
mulher envolvida e participante no plano de salvação de Deus. Sabemos que os
usos e costumes levam séculos para serem modificados.
CNSE Porto Alegre |
Com as coisas ligadas a
nossa Igreja, guardiã das verdades doutrinárias, talvez levem um tempo ainda
maior. Qual a realidade de hoje? Vemos mulheres extremamente ativas nos
serviços eclesiais, movimentos, associações, ministérios e pastorais diversas.
Dedicam-se a obras sociais, atendimento a enfermos, são Ministras da
Eucaristia, catequistas, participam da liturgia, do canto, da acolhida, ensinam
artesanato, dão aulas de alfabetização, organizam atividades, aconselham,
coordenam trabalhos específicos e tantas outras coisas. Além, é claro, de não
descuidarem dos filhos, maridos, netos, vizinhos, amigos - etc. É natural que
em razão dos mistérios da própria vida, essas valorosas mulheres sejam marcadas
por angustias, sofrimentos, desilusões, dores, como no caso da morte do cônjuge
ou da separação como mal menor em razão de uma vida a dois sofrida, angustiante
e insuportável.
Existem também aquelas que, por um segredinho de Deus, não
constituíram famílias e permanecem solteiras. Todas, porém, são bravas e
guerreiras e sabem que o Senhor está perto delas para animar, fortalecer e
impulsionar. Exemplo vivo disso percebe-se nas integrantes do Movimento “Comunidades Nossa Senhora da Esperança”,
que tem por objetivo dar apoio espiritual, religioso e vivencial tanto as
Viúvas, como as Separadas e Solteiras que caminham sós. Para não discriminar
ninguém, o Movimento aceita, também, homens que vivem a mesma realidade. Essas
bravas mulheres são como aquelas frutas que jamais teriam o sabor que tem, caso
não desabrochassem e vivessem como cachos de sustentação e apoio mútuo. Juntas
ou em grupos, tudo fica mais fácil, inclusive para orar, agradecer e louvar o
Senhor da Messe.
Cleide e
Valentim Giansante
e-mail: cleide.valentim@terra.com.br
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Cleide e Valentim fizeram parte da Equipe de trabalho montado pela Dona Nancy C. Moncau, viúva equipista,
para iniciar no Brasil o Movimento “Comunidades
Nossa Senhora da Esperança”, que tem por objetivo dar apoio espiritual e
religioso as Viúvas/os e Pessoas Sós, ou seja, as solteiras e separadas que
permanecem sozinhas.
fonte:site http://www.cnse.org.br/
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