quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA IGREJA DE ONTEM E DE HOJE




Valentim , Dona Nancy e Cleide



Embora pareça estranho, a mulher, desde a Igreja primitiva, sempre foi participativa na vida da Igreja e não apenas aquela que se pedia para ficar calada e com a cabeça coberta. Serve de exemplo Lidia, que disse a Paulo e aos seus seguidores que “se me considerais fiel ao Senhor, vinde hospedar-se em minha casa” (At 16,15). E eles, segundo consta, aceitaram o convite. A casa dessa mulher e de muitas outras foram centros de reuniões e de atividades diversas da jovem comunidade cristã. Lídia talvez fosse uma senhora viúva e sua casa era um centro de acolhida para aqueles que estavam encarregados pelo próprio Cristo de levar a boa nova até os confins da terra.
           O Apóstolo Paulo, aparentemente, tornou insignificante o papel da mulher, quer na sua vida normal, como no serviço na Igreja.
   
Na tradição paulina, se lido apenas textos isolados, à mulher está reservada a tarefa de cuidar da casa, educar os filhos e ser obediente ao marido. Na verdade não era apenas isso, eis que eram verdadeiras testemunhas da Palavra de Deus e autênticas “catequistas”, por serem experientes e prudentes, não só em relação à Palavra de Deus, mas também no aconselhamento e cuidados com as recém casadas, para que fossem zelosas e amorosas no seu papel de mãe e esposa. De certa forma poder-se-ia dizer que isso já era um “indício” da Pastoral Familiar dos dias de hoje. A vida cristã, desde o seu início, colocava fim a todas as discriminações, tanto no plano social, como no religioso e no cultural. Não seria tarefa, fácil, como não é ainda hoje, extirpar-se de vez esse ranço que vem desde os tempos de antanho. 

No aspecto religioso, tanto homens como mulheres eram destinatários da mensagem salvífica de Deus. Paulo certamente não concordava com o conceito discriminatório contido na oração judaica que dizia: “Bendito és tu, rei do universo, que não me fizeste nascer pagão, nem escravo, nem mulher”. Antes, dizia: “Fomos todos batizados num só espírito, para ser um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres”. Por “livres” entende-se, inquestionavelmente, homens e mulheres, assim como o mandamento de amor de Jesus não pode ser considerado apenas destinado aos homens. Paulo era um missionário itinerante, judeu de nascimento, talvez solteiro ou mesmo viúvo. Era profundo conhecedor dos costumes, leis e princípios predominantes na época, dentre eles, obviamente, os que discriminavam a mulher. 

Como bom cristão, considerava que a Igreja era uma realidade espiritual, em torno da qual se juntavam homens e mulheres em nome de Jesus Cristo. A submissão feminina, numa leitura compatível com a Igreja pós Concilio Vaticano II, pode ser entendida como uma alusão as santas mulheres da Bíblia, cujo exemplo maior é Sara, sempre respeitosa e obediente ao marido Abraão, premiada por Deus com um filho em idade avançada. Fica claro, para quem quiser enxergar, que a lógica dos homens, nada tem a ver com a lógica de Deus. Vale muito neste particular que Maria, a mãe de Jesus, aprendeu a amar segundo essa lógica, seguindo o Filho no seu ministério, não como mãe, mas sim como mulher envolvida e participante no plano de salvação de Deus. Sabemos que os usos e costumes levam séculos para serem modificados. 
CNSE Porto Alegre

Com as coisas ligadas a nossa Igreja, guardiã das verdades doutrinárias, talvez levem um tempo ainda maior. Qual a realidade de hoje? Vemos mulheres extremamente ativas nos serviços eclesiais, movimentos, associações, ministérios e pastorais diversas. Dedicam-se a obras sociais, atendimento a enfermos, são Ministras da Eucaristia, catequistas, participam da liturgia, do canto, da acolhida, ensinam artesanato, dão aulas de alfabetização, organizam atividades, aconselham, coordenam trabalhos específicos e tantas outras coisas. Além, é claro, de não descuidarem dos filhos, maridos, netos, vizinhos, amigos - etc. É natural que em razão dos mistérios da própria vida, essas valorosas mulheres sejam marcadas por angustias, sofrimentos, desilusões, dores, como no caso da morte do cônjuge ou da separação como mal menor em razão de uma vida a dois sofrida, angustiante e insuportável. 
Existem também aquelas que, por um segredinho de Deus, não constituíram famílias e permanecem solteiras. Todas, porém, são bravas e guerreiras e sabem que o Senhor está perto delas para animar, fortalecer e impulsionar. Exemplo vivo disso percebe-se nas integrantes do Movimento Comunidades Nossa Senhora da Esperança”, que tem por objetivo dar apoio espiritual, religioso e vivencial tanto as Viúvas, como as Separadas e Solteiras que caminham sós. Para não discriminar ninguém, o Movimento aceita, também, homens que vivem a mesma realidade. Essas bravas mulheres são como aquelas frutas que jamais teriam o sabor que tem, caso não desabrochassem e vivessem como cachos de sustentação e apoio mútuo. Juntas ou em grupos, tudo fica mais fácil, inclusive para orar, agradecer e louvar o Senhor da Messe.

Cleide e Valentim Giansante
                                               e-mail: cleide.valentim@terra.com.br

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Cleide e Valentim fizeram parte da Equipe de trabalho montado pela Dona Nancy C. Moncau, viúva equipista, para iniciar no Brasil o Movimento “Comunidades Nossa Senhora da Esperança”, que tem por objetivo dar apoio espiritual e religioso as Viúvas/os e Pessoas Sós, ou seja, as solteiras e separadas que permanecem sozinhas. 

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