No Coração da Vida
Cansados por
nada fazer
Luiz Turra
A ociosidade, além de
inimiga da alma, é uma
das causas de depressão
Opotencial humano é imenso. A liberação deste potencial é que difere de pessoa a pessoa, não só na intensidade, como também no seu direcionamento. Há pessoas que se deixam provocar em muitas direções e conseguem exercitar respostas exitosas em muitos campos e atividades. Há outras que investem numa única direção, nesta se aperfeiçoam, tornando-se celebridades. Lembramos cientistas, atletas, artistas etc.
Há gente que não se atreve, nem se desafia, em nenhuma direção e não se deixa desafiar por ninguém. São os que se acomodam e se julgam incapazes de qualquer empreendimento ou criatividade. Geralmente, este contingente humano, que por sinal é muito grande, atira-se debaixo da vida, curtindo a síndrome do vitimismo e acusando os outros por sua impotência.
Não podemos esquecer que a surpreendente potencialidade humana também pode estar em pessoas portadoras de deficiências ou revestidas de aparente miséria ou até mesmo no meio do incalculável número de presidiários de nossas cidades. A potencialidade humana é capaz do ótimo e do péssimo, dependendo do cultivo, das provocações e desafios, da educação e oportunidades, das exclusões e agressões.
Enfim, nosso assunto é: “Cansados por pouco ou nada fazer”. Geralmente o tédio não atinge as pessoas ocupadas, criativas e dinâmicas, mas toma conta de quem vive cansado por pouco ou nada fazer, ou por não ter espaço de ocupação em lugar nenhum.
Numa localidade conheci um grupo de profissionais liberais que vivia em gabinetes sofisticados com o mínimo do mínimo de ocupação. Alguns passavam a maioria do tempo se distraindo na internet, outros dedicavam algum momento do dia em leituras de passatempo. No meio deles, o que mais se ouvia era a expressão: “Estou cansado! Não aguento mais esse ritmo”.
Há um consenso popular: “Se queres alguma ajuda ou favor, procure as pessoas mais ocupadas”. Estas responderão positivamente prontificando-se logo a servir. Os menos ocupados já se consideram ocupados demais em nada fazer.
É bem real esta verdade: “É fazendo que a pessoa se faz!” Conheço um paroquiano de 104 anos que mora sozinho em seu apartamento. Levanta às quatro horas da manhã. Faz uma hora de ginástica e em seguida faz uma hora de oração, diz ele “pela humanidade”. Depois da oração, prepara o café, em seguida faz limpeza da casa e lava roupa. Faz o almoço e segue o dia em permanente ocupação. No final do dia ainda dedica mais uma hora de oração “pela humanidade”. Por justiça, confirmo que a opção de morar sozinho é do vovô. Os filhos o acompanham permanentemente, respeitando seu ritmo de vida. Ao falar sempre diz que a ocupação e a fé o fazem feliz.
É comprovado que o trabalho não mata ninguém, a não ser em acidentes, mas a ociosidade, além de ser inimiga da alma, é uma das causas de depressão e anulação.
O melhor mesmo é manter-nos ocupados em ações
construtivas, fazendo as pequenas coisas com grande amor.
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